Abelhas e Empresas Familiares: voam porque não sabem que não podem


Há uma idéia mais ou menos disseminada de que, de acordo com as leis da aerodinâmica, o besouro não poderia voar porque não possui as condições físicas mínimas para tal.  Fala-se, também, que como não sabe disso e não entende nada de física nem de aerodinâmica, ele voa. Diz-se coisa parecida das abelhas ou, pelo menos, de algumas espécies delas.
“Pesquisas afirmam que segundo as leis da aerodinâmica, e segundo ainda, testes feitos em um túnel de vento, as abelhas não podem voar! Seu peso, a forma e as dimensões de seu corpo e o pequeno tamanho de suas asas, torna impossível o vôo da abelha!Como a abelha não tem conhecimento de tais pesquisas, ela simplesmente não só voa, como ainda produz mel!”?
Antonio Rayol, fundador do Conselho Anti Drogas/RJ
Essa metáfora pode, guardadas as devidas proporções e os cuidados que toda metáfora requer, ser aplicada às empresas jovens, sobretudo às familiares (maioria absoluta das empresas jovens). Praticamente todas começam pelo esforço empreendedor de uma ou mais pessoas, geralmente parentes, que mergulham de corpo e alma na viabilização do novo negócio. Nesse esforço inicial as coisas acontecem mais pela energia empregada do que pela “leis da física”?
“Ser empreendedor significa ser capaz de abandonar tudo, colocando uma vida inteira a serviço de uma idéia.”?
George Gilder,  futurista norte-americano
O problema é que o empreendedorismo que permite o sucesso inicial, depois de determinado ponto, não só não é mais suficiente como passa a ser contraproducente no que diz respeito à sobrevivência da empresa.
“A empresa familiar tradicional bem-sucedida será uma vítima de seu próprio êxito, não podendo conciliar sua estrutura tradicional com as novas necessidades impostas pelo crescimento.”?
Eric Lethbridge, economista do BNDES/Pnud
É aí, então, que entra em cena, de modo crucial, a questão da profissionalização da gestão. As estatísticas mundiais dão conta de que em cada 100 empresas familiares bem sucedidas na primeira geração só 30 o são na segunda e só 15 na terceira. Conclusão: a sucessão e a profissionalização mal conduzidas derrotam a empresa familiar bem sucedida.
“No mundo moderno a economia tornou-se tão complexa que não há mais espaço para organizações mal-administradas. Se você quiser condenar uma organização ao fracasso basta deixá-la à própria sorte nas mãos de pessoas despreparadas. Qualquer que seja o ramo de atividade, a concorrência hoje é brutal e a falta de uma administração profissional é o mesmo que uma sentença de morte para uma empresa, independentemente de seu porte. No caso das empresas familiares a situação é ainda mais complexa, tendo em vista outros fatores envolvidos, como o relacionamento entre os sócios, hierarquia, confiança etc.”?
Roberto Cardoso, presidente do CRA/SP
Portanto, para seguir fazendo o mel da fase heróica, em qualidade e quantidade suficientes para garantir o crescimento e a sobrevivência, a empresa familiar não tem outra alternativa fora da profissionalização.