Profissionalização das empresas familiares

O desafio de mudar a cultura de uma empresa familiar

A cultura de uma empresa tem a ver com os valores, costumes e filosofia que norteiam o negócio, funcionando como um guia para o comportamento de todos que fazem parte da organização. E no caso das empresas familiares, a cultura é também fortemente influenciada pelos valores e jeito do fundador e da sua família, o que a torna ainda mais forte. Mas será que é possível mudá-la para que atenda às mudanças e novas exigências do mercado? Toda e qualquer empresa familiar leva consigo a forma de agir, pensar e interagir com o ambiente estabelecida pela geração fundadora. São aspectos que formam a sua cultura e impactam em todos os processos da organização, desde a gestão de pessoas até a forma como lidam com o financeiro, por exemplo. No entanto, apesar da cultura organizacional expressar uma boa parte da identidade da empresa familiar, muitas vezes algumas práticas que por um tempo chegaram a funcionar podem não ser mais sustentáveis ou bem aceitas pelo mercado, pressionando a organização para um movimento de mudança. Quer seja por ter subido de patamar, para atender os novos comportamentos dos consumidores ou para cumprir alterações na legislação, o fato é que se o mercado exigiu, é preciso buscar um reposicionamento para que o negócio se mantenha competitivo. O desafio é conseguir implementar essa nova cultura. É fato que sempre vai haver certa resistência entre os integrantes da família empresária, principalmente para a geração sênior, que já está acostumada a fazer as coisas do seu próprio jeito. Mas é preciso ser firme e insistir na mudança. O segredo para ter êxito no processo é deixar claro o que está em jogo e quais serão os impactos positivos em questões importantes como posição no mercado, competitividade e faturamento. Além disso, é preciso reforçar que as mudanças não farão com que a empresa familiar perca a sua alma e seus valores mais importantes. A ideia é aperfeiçoar seus processos, mas manter a sua essência, de forma a perpetuar o legado já construído.

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A inovação nas empresas familiares

Já falamos anteriormente que, no caminho para se manterem competitivas e sustentáveis por gerações, as empresas familiares precisam, obrigatoriamente, resolver a equação do processo sucessório. No entanto, diante de um mercado cada vez mais exigente e em constante mudança, a sucessão se torna apenas um dos ponto a serem trabalhados. É preciso atentar também para a necessidade de superar a barreira da inovação. Isso porque, na grande maioria das empresas de formação familiar, inovar ainda é um tabu. Não por acaso, muitas pessoas ainda associam negócios familiares com organizações antiquadas e sem capacidade de modernização. E essa visão se explica diante de alguns fatores. De maneira geral, nas empresas familiares existe a ideia de que “ninguém entende do nosso negócio como nós mesmos”. Isso leva a uma falta de disposição dos integrantes da família empresária em adotar boas ideias vindo de fora. Além disso, como todas as “fichas” estão apostadas em um único lugar, existe certo receio em assumir riscos, o que muitas vezes acaba estagnando os processos. Há ainda a resistência por parte das gerações mais antigas de se adaptarem às novas tecnologias, pois estão acostumadas com os hábitos de uma gestão mais simples. Mas nada disso pode ser um entrave para a inovação, sob o risco de perder participação e relevância no mercado. Então, é necessário introduzir pequenas mudanças de modo que essa cultura mais “conservadora” não seja avessa à modernização. É preciso lembrar que a inspiração vem de cima, ou seja, a inovação em empresas familiares somente é possível quando toda a liderança atua como incentivadora. Dar espaço para trocas de ideias, criar grupos de discussão e intensificar o contato entre líderes e liderados é fundamental, assim como sustentar os erros que podem acontecer quando se investe em novas ideias. Afinal, sem riscos, não há crescimento. Arriscado é não inovar.

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A presença feminina nas empresas familiares

Estamos em março, considerado o mês da mulher, e são muitas as pautas ligadas ao universo feminino que são discutidas principalmente durante este período. Uma delas é a questão do estereótipo de gênero quando se trata de mercado de trabalho. É fato que a presença das mulheres no mundo corporativo está cada dia mais forte e a tendência é só aumentar. No entanto, ainda são muitos os desafios a serem superados, inclusive dentro das empresas de formação familiar. No mercado como um todo, é visível que muitas mulheres estão conquistando espaços mais estratégicas e o destaque que lhes é devido. Porém, ainda há muita estrada a percorrer quando o assunto é a equidade de gênero. E nas empresas familiares, o cenário pode ser ainda mais complicado. Afinal, estamos falando de negócios onde a figura masculina, desde os tempos primórdios, sempre foi mais presente e atuante nas posições de liderança. Neste contexto patriarcal, as mulheres acabam tendo mais dificuldade de serem escolhidas para cargos de alto escalão. Além disso, há ainda o estereótipo de “filha do dono” com o qual muitas mulheres se deparam e que as invalida sem sequer considerar pontos como capacitação e competência. Soma-se a esta falta de espaço a falta de voz, ou seja, a dificuldade em expor suas ideias e tomar decisões sem serem questionadas ou desautorizadas. Por outro lado, a experencia mostra que são muitos os benefícios alcançados quanto existem mulheres em posições estratégicas não só nas empresas familiares, mas em qualquer negócio. Isso porque as profissionais do sexo feminino tendem a priorizar a sustentabilidade e o crescimento de longo prazo em detrimento de ganhos de curto prazo, enquanto homens costumam ser mais imediatistas. Observa-se também que as mulheres apoiam mais a inclusão, pois elas não se sentiram incluídas em algum momento de suas vidas e, de modo geral, são mais resilientes e têm mais sabedoria emocional do que os homens, para além da capacidade técnica, o que torna as decisões mais assertivas. Fato é que o mercado já percebeu o potencial da força de trabalho feminina, mas o caminho ainda é longo, principalmente quando falamos de negócios e famílias mais tradicionais. É preciso que as mulheres sigam firmes e insistentes na luta, ocupando cada vez mais espaços e mostrando que são essenciais para a roda econômica do país.

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Os mitos e tabus da profissionalização

Falamos anteriormente sobre o número de empresas familiares que deixam de existir por causa de problemas internos da própria família. O cenário alarmante evidencia a importância cada vez maior da profissionalização desses negócios para que consigam se manter competitivos e sustentáveis. No entanto, ainda existem muitos mitos e tabus quando o assunto é profissionalizar as empresas familiares. Muitas famílias empresárias olham com certo receio para o tema e, com isso, acabam colocando o legado construído em risco. Então, para desmistificar a questão, primeiro de tudo é preciso esclarecer alguns pontos. O primeiro deles é que, ao contrário do que muitos pensam, profissionalizar a gestão não é o mesmo que burocratizar o funcionamento da empresa, perdendo agilidade nas tomadas de decisões. Além disso, não significa, de forma alguma, deixar em segundo plano os sonhos e valores do fundador, colocando em risco a “alma do negócio” e os propósitos da família em função de melhores números. Muitos também acreditam erroneamente que, para que haja profissionalização, é preciso substituir os familiares por executivos de mercado, o que poderia retirar da família o poder de decisão e de interferência nos negócios. Essas são apenas algumas das ideias preconcebidas que surgiram, muito provavelmente, como consequência de processos de profissionalização realizados de forma inadequada, sem levar em consideração o perfil da família empresária. A realidade é que profissionalizar um negócio significa, principalmente, otimizar o desempenho de uma organização ao proteger todas as partes interessadas, envolvendo questões como transparência, equidade de tratamento e prestação de contas. De forma prática, profissionalizar exige organizar os processos de trabalho e criar controles, definir responsabilidades e limites de autonomia, planejar o futuro de modo compartilhado, ter sistemática de compartilhamento de informações e tomar decisões privilegiando o projeto coletivo. Ainda, em uma empresa familiar profissionalizada, as equipes são desenvolvidas, alinhadas e integradas, existem acordos claros para administrar os conflitos de interesses entre família x negócio, existe um plano de sucessão estabelecido e práticas de reconhecimento e remuneração baseadas nos princípios da meritocracia. Ou seja, profissionalizar nem de longe significa perder a “alma” do negócio ou ir em direção contrária aos valores da família, mas sim estruturar e estabelecer processos que ajudem a empresa familiar a chegar no futuro.

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Exigências do mercado vão além dos negócios e das questões familiares

No mundo dos negócios, as organizações de maneira geral têm sido bastante pressionadas não só para estabeleceram boas práticas de governança, mas também para desenvolverem iniciativas nas esferas ambiental e social. Mas será que as empresas familiares também têm sofrido essa pressão? Sim, e as empresas familiares de maior porte já sabem bem o que é isso. Elas precisam dar resultados, mas esses números precisam estar associados a práticas que demonstrem cuidados com o meio ambiente e com questões sociais, principalmente aquelas que impactam o seu entorno. É um caminho sem volta e que precisa ser seguido por todas as organizações, independente das suas formações. Sabemos que algumas empresas já estão trabalhando para reduzir ou compensar a emissão de carbono, por exemplo. Outras estão investindo em instalações físicas que otimizem o uso de alguns recursos naturais, como a água. Na linha do social, o trabalho junto às comunidades tem sido forte, com ações que vão desde cuidar da saúde até iniciativas que aumentem o potencial de empregabilidade das pessoas. Mas é claro que tudo isso tem um preço considerável. Os pequenos e médios negócios, se quiserem ser grandes ou atender empresas de porte expressivo, vão sim precisar ver o investimento no meio ambiente e no social como estratégico para crescerem no futuro. Não é uma obrigação legal, mas é uma exigência para se mantenham competitivos dentro de um mercado cada vez mais exigente. Na realidade, é preciso enxergar essa “pressão” mais como uma oportunidade do que como um problema. Afinal, sabemos que a estabilidade financeira das empresas familiares e sua importância econômica acaba gerando uma certa acomodação que pode colocar em risco o negócio. Nesse sentido, essa nova exigência se torna um estímulo a mais para que as organizações de formação familiar façam hoje o que é necessário para serem sustentáveis no longo prazo e darem continuidade ao seu legado.

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Assunto da empresa se trata em mesa de negócio

Não é incomum escutarmos a queixa, principalmente vinda daqueles integrantes da família que não estão no dia a dia da empresa, de que os eventos sociais familiares sempre acabam se transformando em reuniões para tratar sobre o negócio. E, de fato, não é muito agradável quando, em pleno almoço de domingo, por exemplo, as discussões estão focadas em assuntos que deveriam ser tratados em outro momento e local. Episódios como esse são mais frequentes quando não há na empresa familiar uma sistemática de encontros para decidir as questões do negócio. Sendo assim, as pautas são discutidas em momentos improvisados e inesperados. Mas, para além do desconforto causado em quem só queria celebrar ou socializar com a família, essa prática pode trazer prejuízos para a organização. Isso porque, quando não há uma estrutura adequada para discussões sobre questões estratégicas, pode acontecer de alguma decisão não ser assertiva unicamente por falta de informações. Quando há a elaboração em um espaço adequado, a reunião pode ser mais rica e as consequências do que está para ser decidido podem ser mais trabalhadas. Dessa forma, corre-se menos risco de resolver um problema criando um outro. E há ainda um segundo aspecto importante de ser citado, que é a interferência dos “pitaqueiros”, amigos e/ou familiares que se sentem muito confortáveis de opinar em assuntos que não dominam e que podem influenciar a tomada de decisão, aumentando os problemas, a depender da relação que têm com os envolvidos na questão. Mas então, o que fazer na prática para evitar que assuntos da empresa se misturem com os eventos sociais da família? Não é tão difícil. A criação de um cronograma de reuniões regulares, com fins e propósitos bem definidos, é o caminho mais assertivo. Mas essas reuniões precisam ser coordenadas com profissionalismo, com registro e acompanhamento de tudo o que for discutido e decidido. Pode parecer trabalhoso em um primeiro momento, mas é condição fundamental para a profissionalização da empresa familiar.

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