A pressa é inimiga da governança
Não é incomum encontrarmos empresas familiares que só decidem implementar um sistema de governança corporativa quando os problemas acumulados começam a se tornar insustentáveis. Muitas buscam na profissionalização um caminho certeiro para a resolução das questões que impactam o negócio e a família, mas, nessa ânsia de “compensar o atraso”, acabam querendo apressar o processo, o que pode trazer riscos. O que está por trás disso é o desejo de ter um passo a passo, com uma trilha de marcos bem definidos a serem alcançados e tempo de percurso claro. Mas quando se trata de governança na empresa familiar, não é bem assim que funciona. Afinal, não existe uma receita pronta ou uma abordagem única que sirva para todas. Isso porque cada empresa familiar é única em sua cultura, estrutura, tamanho e dinâmica familiar, o que significa que a implementação da governança deve ser adaptada a cada situação específica. Além disso, é um processo que exige cautela e paciência, pois muitas vezes só é possível ter mais clareza e certeza da etapa seguinte quando a anterior já está bem encaminhada. Quando se tenta seguir um roteiro pré-estabelecido e genérico, isso pode gerar muita angustia e ansiedade, pois dificilmente cada etapa será cumprida como manda a cartilha. É natural que obstáculos apareçam no caminho, o que vai demandar tempo e cuidado para serem resolvidos. E a pressa em superá-los pode até criar outro problema ainda maior. Não quer dizer que não seja preciso ter um planejamento com suas etapas para implementar a governança, mas ele deve ser tratado como uma estimativa, e não como uma verdade absoluta. Cada empresa familiar vai ter seu tempo, entre idas e vindas e impasses a serem administrados. Às vezes pode até ser preciso suspender alguns pontos do processo, recuar ou deixar algumas demandas “de molho”, para depois retornar quando todos os envolvidos estiverem mais maduros para levá-las adiante.
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