A remuneração de herdeiros que estão se preparando para assumir a gestão da empresa familiar é um tópico delicado e complexo que pode causar controvérsia. Diferentemente de empresas não familiares, onde os salários são muitas vezes baseados em critérios objetivos e independentes, a empresa familiar enfrenta o desafio adicional de equilibrar os interesses da família e do negócio. Nesse contexto, é fundamental estabelecer um sistema de remuneração que seja justo, transparente e sustentável, levando em consideração as competências e contribuições do gestor familiar, bem como os interesses de longo prazo da organização. No entanto, na hora de definir valores, é preciso colocar na equação, também, as expectativas que estão sendo colocadas no sucessor. Espera-se que um herdeiro que está atuando na gestão de uma empresa familiar olhe para o negócio como um todo e não apenas para a sua área. Ele precisa dominar todas as informações que dizem respeito à organização, ter um posicionamento sobre elas e participar ativamente das decisões. Ou seja, por mais que seja responsável por um setor, em paralelo, o herdeiro deverá atuar em funções bem mais amplas e estratégicas. No fim das contas, a empresa está investindo neste herdeiro, mas ele também está depositando seu tempo, energia, preparo, estudo e conhecimento para que as engrenagens funcionem, geralmente em uma proporção muito maior do que um empregado que não faz parte da família. Na prática, ser um executivo e representar a família empresária diante do mercado exige muito. O herdeiro carrega essa marca com ele e isso precisa ser considerado na sua remuneração, para além do trabalho interno que ele desenvolve e entrega.