Falamos anteriormente sobre o número de empresas familiares que deixam de existir por causa de problemas internos da própria família. O cenário alarmante evidencia a importância cada vez maior da profissionalização desses negócios para que consigam se manter competitivos e sustentáveis.
No entanto, ainda existem muitos mitos e tabus quando o assunto é profissionalizar as empresas familiares. Muitas famílias empresárias olham com certo receio para o tema e, com isso, acabam colocando o legado construído em risco. Então, para desmistificar a questão, primeiro de tudo é preciso esclarecer alguns pontos.
O primeiro deles é que, ao contrário do que muitos pensam, profissionalizar a gestão não é o mesmo que burocratizar o funcionamento da empresa, perdendo agilidade nas tomadas de decisões. Além disso, não significa, de forma alguma, deixar em segundo plano os sonhos e valores do fundador, colocando em risco a “alma do negócio” e os propósitos da família em função de melhores números.
Muitos também acreditam erroneamente que, para que haja profissionalização, é preciso substituir os familiares por executivos de mercado, o que poderia retirar da família o poder de decisão e de interferência nos negócios.
Essas são apenas algumas das ideias preconcebidas que surgiram, muito provavelmente, como consequência de processos de profissionalização realizados de forma inadequada, sem levar em consideração o perfil da família empresária.
A realidade é que profissionalizar um negócio significa, principalmente, otimizar o desempenho de uma organização ao proteger todas as partes interessadas, envolvendo questões como transparência, equidade de tratamento e prestação de contas.
De forma prática, profissionalizar exige organizar os processos de trabalho e criar controles, definir responsabilidades e limites de autonomia, planejar o futuro de modo compartilhado, ter sistemática de compartilhamento de informações e tomar decisões privilegiando o projeto coletivo.
Ainda, em uma empresa familiar profissionalizada, as equipes são desenvolvidas, alinhadas e integradas, existem acordos claros para administrar os conflitos de interesses entre família x negócio, existe um plano de sucessão estabelecido e práticas de reconhecimento e remuneração baseadas nos princípios da meritocracia.
Ou seja, profissionalizar nem de longe significa perder a “alma” do negócio ou ir em direção contrária aos valores da família, mas sim estruturar e estabelecer processos que ajudem a empresa familiar a chegar no futuro.