Particularidades da família empresária

Comunicação direta fortalece os vínculos

Um dos desafios mais comuns enfrentados nas empresas familiares é a tendência dos profissionais integrantes da família, diante de incômodos ou erros, optarem por seguir o caminho aparentemente mais fácil: pedir a terceiros que comuniquem suas preocupações e descontentamentos. No entanto, é crucial compreender que essa prática, embora possa parecer menos confrontativa, pode ter efeitos negativos. A base desse comportamento reside no medo de criar conflitos e desgastar as relações familiares ao abordar questões sensíveis. Contudo, paradoxalmente, a falta de enfrentamento direto é o que mais pode minar a confiança e a coesão tanto da relação profissional como familiar. Ao optar por mandar recados, não apenas se evita a resolução efetiva dos problemas, mas também se corre o risco de gerar ruídos na mensagem original. O segredo para uma gestão eficaz em empresas familiares reside na compreensão de que o problema não está no que é dito, mas sim na maneira como é comunicado. É fundamental compreender que ninguém transmitirá a mensagem com mais clareza do que aquele que está vivenciando a insatisfação. O contato direto permite uma comunicação transparente, sem ruídos, evitando interpretações equivocadas e mal-entendidos. Quando integrantes da família empresária se esquivam do confronto direto, a reação inicial muitas vezes não é relacionada ao conteúdo da mensagem, mas sim à falta de respeito e cuidado percebida na forma como a comunicação foi conduzida. O questionamento recorrente é: “Por que não veio falar comigo diretamente?”. Essa abordagem indireta pode desgastar a relação de confiança e gerar ressentimentos desnecessários. Ao optar pelo enfrentamento direto, os vínculos familiares e profissionais podem se fortalecer significativamente. Abrir espaço para a comunicação franca sobre dificuldades e insatisfações cria um ambiente propício para o crescimento e a resolução conjunta de desafios. É uma demonstração de respeito mútuo e cuidado com o bem-estar da empresa e das relações familiares.

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Transparência na distribuição de lucros

Empresas familiares desempenham um papel crucial na economia, muitas vezes unindo laços pessoais e profissionais em um delicado equilíbrio. No entanto, a gestão dessas organizações, especialmente no que diz respeito à distribuição de lucros, pode se tornar um terreno minado se não for tratada com a devida atenção. Uma questão que frequentemente surge é: empresas familiares que não obtiveram resultados positivos devem dividir seus lucros entre os sócios? Essa interrogação envolve não apenas uma análise financeira, mas também questões estratégicas. Para aqueles sócios que não desempenham um papel ativo na gestão da empresa, mas que mantêm expectativas de participação nos lucros, a comunicação é fundamental. Estabelecer regras claras para a distribuição de bônus e dividendos deve ser o ponto de partida. A ambiguidade nesse aspecto pode gerar descontentamento e minar a confiança, prejudicando não apenas as relações pessoais, mas também o desempenho da empresa. A transparência na comunicação é ainda mais crucial quando a decisão é não realizar a distribuição de lucros. Nesses casos, é imperativo informar os sócios com antecedência, proporcionando-lhes uma visão clara da situação financeira da empresa. Essa antecipação não apenas gerencia expectativas, mas também permite que todos os envolvidos compreendam a realidade da situação. Administrar uma empresa familiar, especialmente em relação à remuneração dos sócios, pode parecer mais simples para aqueles que estão imersos na gestão diária e têm conhecimento detalhado dos resultados. No entanto, é crucial reconhecer a importância de manter aqueles que estão fora da gestão informados ao longo do ano. Comunicar constantemente sobre o desempenho da empresa é um investimento na confiança e no entendimento mútuo. Essa abordagem não apenas fortalece os laços familiares, mas também contribui para a construção de uma sociedade familiar empática, sólida e resiliente.

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A demissão em empresas familiares

No cenário tradicional da gestão, a resposta padrão para resultados abaixo do desempenho esperado muitas vezes se resume à demissão. No entanto, quando tratamos de empresas familiares, a aplicação cega dessas práticas gerenciais pode ser um terreno delicado e, muitas vezes, contraproducente quando as implicações da decisão não são consideradas cuidadosamente. O desligamento de um empregado por baixo desempenho é uma consequência natural em diversas organizações, mas quando esse empregado tem um forte vínculo afetivo com a família e com a empresa e já fez entregas expressivas no passado recente, a história pode ser diferente. Em empresas familiares, onde o ambiente é permeado por laços afetivos e compromissos que vão além do profissional, essa decisão ganha contornos mais sensíveis. É importante ressaltar que transplantar práticas do mercado para empresas familiares sem considerar suas particularidades pode representar um risco significativo. A demissão, nesse contexto, pode ser um tiro no pé, desgastando aquilo que é vital para a empresa familiar: o amor e o comprometimento do profissional em questão e das demais equipes. Ao optar pelo caminho imediatista do desligamento sem conversas prévias ou de investir no desenvolvimento do empregado, a empresa não apenas perde uma oportunidade valiosa de crescimento mútuo, mas também compromete o sentimento de pertencimento e de família que permeia, mais fortemente, uma organização familiar. Demitir sem antes oferecer uma chance de reposicionamento pode gerar o sentimento de injustiça e de que não vale a pena tanta dedicação à instituição. Não se pode perder de mente que eliminar profissionais que não estão atendendo as expectativas pode ser mais prático e fácil, mas vai na direção contrária de se ter equipes competentes, comprometidas e estáveis. É papel da gestão guiar, incentivar e desenvolver para manter viva a chama do comprometimento e do cuidado mútuo – empresa e equipe. Promover um ambiente de comunicação aberta e construtiva é uma prática que fortalece os laços e contribui para o desenvolvimento conjunto.

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Derrubando tabus sobre empresas familiares

Apesar de tudo o que já se conhece sobre a força e relevância das empresas familiares, não é incomum encontrarmos profissionais de mercado com ideias ultrapassadas sobre essas organizações e que, por isso, preferem sonhar apenas com as multinacionais. No entanto, é preciso atentar para o fato de que algumas das ditas características negativas das empresas de formação familiar também podem ser encontradas em outras organizações. E, para além disso, fazer parte de uma empresa familiar tem suas vantagens. Os “preconceitos” para com as empresas familiares passam principalmente por estereótipos, como nepotismo, falta de meritocracia, falta de profissionalismo ou favoritismo dentro da organização. Muitos acreditam que só os parentes conseguem chegar aos cargos estratégicos e que essas empresas tendem a ser menos profissionalizadas, com relações de poder centralizadas, muitos conflitos e pacotes de benefícios que não acompanham o mercado em competitividade. De fato, isso pode acontecer em empresas familiares que ainda estão em processo de profissionalização, o que leva à conclusão de que grande parte das dificuldades encontradas nesse tipo de organização não acontecem por elas serem familiares, mas sim pela carência de um sistema de governança. Além disso, deve-se considerar que existem muitas vantagens em trabalhar em uma empresa familiar, como o acesso mais fácil – às vezes direto – à diretoria ou alta gestão, mais agilidade nos processos decisórios e menos burocracia. As empresas familiares também costumam ter mais agilidade e ações imediatas diante de ameaças, um ambiente mais propício para criação de vínculos mais fortes e a possibilidade de ter seu trabalho reconhecido com repercussão mais imediata na carreira. Sem falar na remuneração, que atualmente é igual ou até maior do que a aplicada por multinacionais de grande porte. Então, antes de colocar todas as empresas familiares dentro de uma “caixa” de ideias preconcebidas, procure informações mais concretas sobre elas. Do contrário, correrá o risco de perder uma grande oportunidade de crescimento profissional.

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Os impactos da rivalidade fraterna nas empresas familiares

Quando observamos a fundo as causas dos conflitos mais comuns nas empresas familiares, chegamos à conclusão de que boa parte desses problemas tem estreita relação com rivalidades e disputas fraternas. É fato que o envolvimento da família empresária no negócio naturalmente gera envolvimento emocional, que muitas vezes se mistura com o profissional, mas é preciso criar estratégias para identificar e tratar esses embates antes que eles virem uma ameaça para a empresa. Por isso é tão importante cuidar da família e estabelecer um espaço neutro, como o Conselho de Família, onde é possível discutir as questões que envolvem as relações familiares. E não só para isso. O Conselho também pode ajudar na administração dos conflitos que explodem e acontecem dentro da empresa, mas que têm em suas raízes as disputas iniciadas em casa. A experiência mostra que muitas rivalidades que são naturais entre irmãos ou primos e que acontecem no dia a dia privado da família são levadas para dentro da organização. Existe disputa sobre a opinião que mais vale, qual ideia é melhor, quem tem mais atenção da pessoa de referência no negócio ou na família, entre muitas outras. O papel do Conselho de Família é, a partir da percepção da história familiar e com base no conhecimento das dinâmicas entre os familiares nos negócios e na família, entender onde está o cerne do conflito e buscar formas de tratá-lo para que não interfira tanto nos negócios. Vale ressaltar que as relações familiares não são afetadas unicamente pelas disputas, mas também pela permissividade excessiva ou ausência de limites, trazendo prejuízos que podem ser irreversíveis para o negócio e para a família. O que também é objeto de trabalho do Conselho de Família.

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A importância da comunicação efetiva nas empresas familiares

Não temos dúvidas de que a comunicação é condição indispensável para a saúde de qualquer empresa, e no caso das organizações de formação familiar, o diálogo se mostra com um papel ainda mais relevante. No entanto, é interessante observar que, com frequência, existe nas empresas familiares uma preocupação grande em criar conselhos e estruturas, mas atitudes simples que facilitam o dia a dia, como a comunicação franca e transparente, muitas vezes são deixadas de lado. A experiência mostra que não adianta investir na profissionalização quando não há disposição para colocar as questões na mesa e discutir. Será tempo e dinheiro em vão. Muitos conflitos e problemas “não ditos”, inclusive, tomam proporções maiores do que realmente são simplesmente pelo desconforto em falar sobre eles. Para além disso, a comunicação clara e aberta é essencial para garantir que os integrantes da empresa familiar estejam na mesma página em termos de visão, missão, valores e objetivos do negócio, garantindo que todos trabalhem alinhados na mesma estratégia e possam, também, expressar suas preocupações, ouvir os outros, buscar soluções e ter uma sintonia em suas ações e posicionamentos. Uma comunicação adequada vai contribuir, ainda, para o estabelecimento de uma cultura organizacional saudável dentro da empresa familiar. Quando a família empresária se comunica de forma respeitosa, transparente e inclusiva, isso pode criar um ambiente de trabalho positivo, onde os empregados se sentem valorizados e considerados. Isso pode levar a uma maior satisfação no trabalho, maior produtividade e retenção de talentos. Em resumo, não existe governança nem profissionalização sem que haja comunicação. Seria como montar uma bela casa, mas não a limpar, deixando a sujeira acumular. Quando a “casa” está limpa, fica mais fácil gerenciar as expectativas, esclarecer papéis e responsabilidades, e garantir a continuidade bem-sucedida da empresa familiar.

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