É comum observarmos, durante o processo de profissionalização de empresas familiares, certa urgência e esforço em tirar os profissionais que são da família dos cargos de gestão. É um pensamento que pode ser justificado pela busca por uma perspectiva mais imparcial e objetiva em relação aos assuntos do negócio, mas essa é uma receita que nem sempre terá sucesso.
A experiência mostra que faz diferença sim quando existem na empresa familiar profissionais que são da família e que têm competência para a gestão. Principalmente porque os integrantes de uma família empresária tendem a ter uma visão de muito mais longo prazo para a empresa, levando em conta não apenas os resultados financeiros imediatos ou suas próprias carreiras, mas também a sustentabilidade e a continuidade do legado familiar.
Além disso, a família fundadora geralmente estabelece uma cultura e valores que são transmitidos através das gerações. Ter gestores familiares pode ajudar a manter e fortalecer essa cultura, garantindo que os princípios e tradições – segredos do sucesso – sejam preservados e incorporados às práticas comerciais e ao dia a dia de todos.
Os gestores que também fazem parte da família muitas vezes têm um conhecimento profundo e íntimo da empresa, suas operações e histórico. Eles podem ter crescido ou trabalhado na organização desde cedo, o que lhes dá uma perspectiva única e ideias valiosas sobre o negócio. Toda essa sinergia ultrapassa as paredes da diretoria e são sentidas pelos demais empregados, fortalecendo os vínculos e gerando uma sensação de pertencimento nas equipes.
No entanto, é importante ressaltar que nem todos os integrantes da família empresária têm necessariamente as habilidades, conhecimentos ou experiência adequados para ocupar cargos de gestão. É essencial avaliar a adequação dos gestores familiares com base em suas competências e qualificações profissionais, em vez de simplesmente confiar nos laços parentais.
E por fim, é preciso ter cuidado, pois uma gestão exclusivamente baseada na família pode levar a desafios, como falta de diversidade de ideias e conflitos que podem afetar as decisões de negócios. Portanto, é recomendável combinar a presença de gestores familiares com profissionais externos qualificados para garantir uma gestão equilibrada e bem-sucedida.