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O código de conduta nas empresas familiares

Diante de um contexto onde a marca é um dos principais ativos das corporações, o cuidado com a imagem é fator essencial para que qualquer empresa se mantenha competitiva. Mas quando falamos daquelas de formação familiar, a atenção deve ser ainda maior. Isso porque a forma como elas são vistas está intimamente ligada à reputação das famílias proprietárias. Ou seja, todas as questões pessoais, de comportamento e de postura, dentro e fora da organização, vão ter impacto na família e refletir, também, na imagem e no desempenho do negócio. É impossível dissociar as duas coisas. Então, é mais do que necessário estabelecer acordos e regras que norteiem as ações de todos os familiares, a fim de proteger os interesses da empresa e preservar o legado da família. Essas diretrizes devem ser discutidas e elaboradas com participação dos integrantes da família empresária, independentemente de estarem trabalhando ou não na organização. Neste código de conduta, devem ser registrados os padrões de comportamento e o que se espera dos familiares, como devem ser portar e se relacionar em sociedade, em lugares públicos, em eventos de cunho profissional ou não, nas redes sociais, etc. Vale lembrar que esse código de conduta não deve apenas para ser um conjunto de palavras bonitas que acabam em uma gaveta. É preciso mantê-lo vivo e fresco na mente de todos os integrantes da família empresária, para que seja, de fato, seguido, em respeito ao legado e para a proteção do patrimônio construído.

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Profissionalização com foco no futuro

Uma das principais dificuldades em implantar modelos de gestão profissionais nas empresas familiares está ligada à resistência às mudanças, principalmente por parte das gerações veteranas bem sucedidas. Afinal, são anos e anos seguindo regras e processos próprios e que são realmente difíceis de suplantar de uma hora para outra. Mas como superar essa barreira para a profissionalização? Um ponto relevante é não iniciar a implantação de um modelo de gestão profissional fazendo com que os fundadores e gerações anteriores aceitem a todo custo as mudanças, pois isso só irá aumentar a resistência. A experiência mostra, inclusive, que gastar energia colocando uma série de regras para os fundadores seguirem, por exemplo, só desgasta o processo de profissionalização, podendo até levá-lo ao fracasso. O foco das mudanças pode, e deve ser, nas futuras gerações, que ainda não estão “viciadas” nos formatos estabelecidos e, por isso, serão mais receptíveis às novas práticas de governança corporativa, regras de conduta e de retiradas financeiras, além de políticas para os mais diversos temas. Em resumo, o olhar da profissionalização deve ser, prioritariamente, para frente, para o que pode ser feito. As novas gerações, seguramente, vão querer que os objetivos a serem alcançados pela empresa familiar sejam mais sadios, embasados em planejamentos estratégicos, ao mesmo tempo em que equilibram carreira, trabalho e vida. Afinal, serão elas as condutoras do legado da família rumo ao futuro.  Georgina Santos TGI Consultoria

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O pacto de autonomia nas empresas familiares

Falamos recentemente sobre a questão da descentralização do poder e das tomadas de decisão nas empresas familiares. De fato, esse é um problema que assola uma boa parte das famílias empresárias – a dificuldade da passagem do bastão da primeira para a segunda geração – o que exige paciência e persistência por parte dos sucessores. No entanto, a elaboração de um pacto de autonomia pode ajudar, e muito, neste processo. O pacto de autonomia tem sido uma prática muito utilizada nas empresas familiares durante a transição de uma gestão centralizadora para um modelo colegiado. E, principalmente, tem sido bastante efetivo durante o trabalho de formação de sucessores. Isso porque ele define e estabelece até onde vai as responsabilidades e o poder de decisão desses jovens que estão em formação. O que ele pode definir sozinho; o que precisa levar para discussão nos conselhos e colegiados; e tudo o que não lhe cabe resolver por si só são alguns dos pontos que devem ser elencados no pacto de autonomia. O ideal é que este acordo seja revisto a cada três ou quatro meses, de forma a avaliar seu andamento e quais outras responsabilidades podem ser adicionadas à atuação do sucessor. Desta forma, consegue-se acelerar o processo de formação, pois se tem mais visibilidade das questões que ficaram sob sua responsabilidade, seus erros e acertos. É uma forma de dar autonomia, mas sem abrir mão totalmente do controle e estabelecendo limites gradativos, tanto para os veteranos, já acostumados a deter todo o poder de decisão, quanto para quem está chegado e precisa, na prática, aprender a gerir o negócio. Georgina Santos TGI Consultoria

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Paternalismo pode ser ameaça para empresas familiares

Numa empresa familiar, a relação entre pais e filhos pode dizer muito sobre como são conduzidos os negócios. E dentro de uma série de fatores que podem alterar o destino da organização e prejudicar os processos de sucessão está o paternalismo. De modo geral, o conceito de paternalismo diz respeito às ações que limitam a autonomia e/ou a liberdade de certa pessoa ou grupo visando, teoricamente, o próprio bem destes. Este é um fenômeno que pode acontecer em qualquer empresa, porém, nas de formação familiar, os resultados tendem a ser mais graves, já que envolvem laços de sangue. Quando alguns profissionais, só porque fazem parte da família, são mais bem recompensados e colocados em situação de privilégio, isso acaba afetando a motivação e confiança dos demais empregados, além de interferir diretamente no desenvolvimento do familiar em questão. O problema, no fim das contas, não está só em defender o filho, neto ou sobrinho, mas também em não o enquadrar ou encorajar quando for necessário. Não dar espaço para erros e acertos, não permitir que o “protegido” cresça e nem associar recompensas e desempenho pode acabar por “atrofiá-lo”. O resultado será um profissional despreparado, que não é reconhecido por suas competências e que é incapaz de andar com as próprias pernas. E muito comum que as “vítimas do paternalismo” sejam pessoas que se acham melhores do que são e que não têm como hábito fazer a autocrítica. Para administrar o risco de práticas paternalistas, estabelecer na empresa familiar critérios de meritocracia pode ajudar, porém é preciso, também, tratar as causas. A recomendação é ter políticas claras e definidas sobre as qualificações necessária para cada cargo, além de pactuar os resultados que são esperados do profissional que faz parte da família, deixando que ele atue fazendo uso da autonomia da sua função, mesmo que não acerte sempre. No fim das contas, a melhor ajuda sempre será estimular que ele cresça e se desenvolva aprendendo e respondendo por seus erros e acertos. Georgina Santos TGI Consultoria

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Uso de “senha” nas empresas familiares

Nas empresas familiares, também é comum encontrarmos redes de poder formais e informais, o que nem sempre tem a ver com os lugares que as pessoas ocupam na hierarquia da gestão. E principalmente nas pequenas e médias empresas, onde geralmente os procedimentos e processos não são claros e bem definidos, a existência das redes informais pode abrir espaço para o uso de “senhas” como meio para chegar a um determinado fim. Em outras palavras, o uso da “senha” acontece quando o nome de uma pessoa forte nas redes de poder é usado para alcançar algum objetivo, muitas vezes sem ela saber. Exemplo disso é quando se usa as expressões: “Dr. Fulano mandou fazer desta forma” ou “Dra. Beltrana autorizou esta liberação”. É quase como se, apesar por citar um nome, conseguisse carta branca para fazer o que está sendo solicitado, ou seja, um poder que não condiz com a função nem com as responsabilidades. O grande problema desta prática é que ela acaba por desarrumar o dia a dia da empresa, tirando de ordem procedimentos que já não são, via de regra, muito bem definidos. E ainda pode gerar ressentimento no resto da equipe, por acharem que a pessoa que utiliza a “senha” recebeu algum privilégio ou proteção por parte de quem está acima na hierarquia. Mas então, como fazer para evitar essa situação? Primeiro é preciso chegar à causa do problema. No geral, o que observamos é que, nas empresas onde os processos não estão bem delimitados, onde não se faz uma confirmação dos pedidos e demandas, não se questiona as solicitações e onde os procedimentos acontecem no “piloto automático”, as pessoas acabam por descobrir que o uso da “senha” é o que faz as coisas andarem e acontecerem como elas desejam. Então, não é algo tão difícil de resolver. Quando se estabelece uma hierarquia clara, com a definição de quem responde pelo o quê, e se implanta um sistema de checagem das ordens, principalmente quando envolve alguma quebra de acordo prévio, a tendência é que os processos aconteçam sem ruídos, de forma mais estruturada e assertiva. Georgina Santos TGI Consultoria

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Resistência à entrada de executivos de mercado nas empresas familiares

É comum encontramos, nas empresas familiares, certa resistência à entrada de executivos de mercado em posições estratégicas de comando. O desconforto é natural, já que implica em compartilhar informações e decisões que, até então, só eram debatidas entre os integrantes da família empresária. No entanto, desconsiderar essa possibilidade quando for necessário pode colocar o negócio em uma situação desfavorável. Quando os laços familiares, gestão e patrimônio estão misturados, tudo pode se tornar mais delicado e complexo. Por isso, uma das maiores vantagens de ter agentes externos participando dos conselhos de administração reside no fato de poder contar com uma visão mais neutra sobre o contexto da empresa familiar. Afinal, a contribuição vinda de uma voz imparcial e com experiência de mercado acaba por enriquecer os debates. Além disso, incluir um executivo de mercado em funções estratégicas de gestão também pode ajudar a diferenciar os interesses da família e os da organização. Desta forma, a isenção permite que os conflitos que são inerentes às empresas familiares sejam tratados de forma mais estruturada, ajudando até na sua mediação. Mas para que esses ganhos aconteçam, é imprescindível que os profissionais da família apostem e deem credibilidade ao contratado, especialmente porque essa pessoa será alguém que conhecerá a intimidade da empresa e discutirá criará estratégias para alavancar o negócio. Então, é fundamental que, ao decidir contratar um executivo não familiar, sejam definidos quais serão os seus  propósitos, responsabilidades e expectativas com relação ao negócio e buscar no mercado executivos que estejam alinhados com eles. Georgina Santos TGI Consultoria

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A descentralização do poder na empresa familiar

É muito comum, em algumas empresas familiares, identificarmos uma gestão centralizada no fundador, que tem a palavra final em todas as decisões, até mesmo quando existe um colegiado gerencial. De fato, a descentralização do poder, no geral, é mais difícil durante a passagem do bastão da primeira para a segunda geração, exigindo paciência e persistência por parte dos sucessores. No caso das empresas familiares, é preciso entender que os fundadores, via de regra, passaram anos sem compartilhar suas principais decisões, num esforço contínuo, e às vezes até solitário, para fazerem o negócio crescer e prosperar. Por isso, é mais do que compreensível que eles tenham dificuldades em passar o controle do seu legado para outras pessoas. Então, da mesma forma que cabe ao fundador entender que precisa delegar e dividir responsabilidades para que o processo de formação da próxima geração dê certo, cabe ao sucessor, também, saber lidar com as suas expectativas e conquistar essa autonomia. Afinal, esta é uma via de mão dupla. A experiência mostra que a descentralização do poder só acontece de fato quando o fundador começa a sentir confiança em compartilhar as suas decisões. É uma relação construída com tempo, paciência e diálogo. Mas a dica mais importante que poderíamos dar para quem está pleiteando seu lugar de comando seria: não queime etapas, nem atropele o processo. Além disso, deve-se, durante a transição, oferecer ajuda e não crítica. Não adianta querer chegar mudando tudo, apontando somente o que, na sua visão, está errado ou deve ser feito de outa forma. A confiança começa a ser conquistada a partir do momento em que o sucessor demonstra uma atitude de parceria e construção conjunta, tendo como prioridade a preservação do legado da família. Georgina Santos TGI Consultoria

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Cuidados nas relações entre sucessores e empregados

Um dos desafios que os jovens herdeiros se deparam quando começam a frequentar mais regularmente a empresa familiar diz respeito à convivência e relacionamento com os demais empregados. Muitas vezes, essas relações podem ultrapassar as barreiras do profissionalismo, trazendo riscos para a organização. Não são incomuns casos de pessoas que se aproximam dos sucessores por serem mais jovens, com menos experiência e mais ingenuidade, com o objetivo de alcançar objetivos particulares. E, na ânsia não desagradar, alguns jovens herdeiros acabam descumprindo procedimentos ou defendendo ideias que não agregam valor ao negócio. Sabemos que esse é um movimento que acontece, muitas vezes, de forma natural e que é importante que o sucessor construa vínculos de confiança e proximidade com as pessoas que, no futuro, ele irá comandar. No entanto, é preciso cuidado para não acabar desconsiderando os interesses da empresa em prol desses relacionamentos. A educação e o respeito sempre devem prevalecer nas interações com subordinados, sem intimidade ou favoritismo, e sempre lembrando que existe uma grande diferença entre amizade e relações profissionais amigáveis. Os limites devem ser estabelecidos desde a entrada do herdeiro na empresa familiar, sempre deixando claro que por mais desconfortável, os objetivos do negócio serão sempre colocados em primeiro lugar. Georgina Santos TGI Consultoria

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Os vínculos de confiança nas empresas familiares

Nas empresas familiares, não é raro encontrarmos casos de contratações de profissionais que não fazem parte da família empresária, para atuarem em cargos estratégicos, baseadas apenas nos vínculos de confiança. No geral, são priorizadas pessoas que já tinham algum relacionamento anterior com a família, fazem parte do círculo de amizade ou até mesmo que já estão na empresa há muito tempo. Mas será que a confiança deve ser tudo na hora de uma contratação? A verdade é que nem sempre as pessoas que fazem parte do círculo direto de confiança da família empresária terão o perfil adequado ou estarão preparadas para assumir um cargo estratégico na organização. Além disso, por mais que a confiança tenha um peso considerável e seja sim importante, escolher alguém só pelo vínculo de amizade, deixando de fora a análise das suas competências, vai na contramão do que determina o processo de profissionalização de uma empresa familiar. Outro grande problema, nestes casos, é o descuido resultante do excesso de confiança. Ou seja, quando confiamos demais em um empregado, a tendência é relaxarmos no monitoramento das suas atividades, e aí os problemas só irão aparecer quando a situação já estiver fora do controle, deixando uma dolorosa lição: é possível sim ser surpreendido negativamente pelas pessoas em quem confia. Além disso, devemos sempre lembrar que confiança pode ser construída com o tempo. O acompanhamento direto, aliado aos bons resultados, ajuda na construção desse vínculo. Por isso, na dúvida, na hora de contratar, priorizar a competência e investir no controle e monitoração é a receita com mais chances de sucesso. Georgina Santos TGI Consultoria

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Cuidar da família é cuidar da empresa

Nas empresas familiares, é recorrente o pensamento de que dedicar tempo e atenção às questões vistas como particulares dos integrantes da família é desnecessário ou, até mesmo, invasão de privacidade. Porém, é importante atentar que, se situações de âmbito mais pessoal têm o poder de interferir no dia a dia ou no futuro dos negócios, o assunto passa a ser de interesse da família empresária como um todo. As estatísticas revelam que a principal ameaça à longevidade das empresas familiares não está em questões políticas, econômicas ou sociais, mas sim no descuido da administração dos conflitos entre os familiares. Isso porque, muitas vezes, questões pessoais, conflitos ou disputas de interesses podem interferir na gestão, na imagem ou no patrimônio da organização, colocando-a em risco. E quando falamos em tratar das questões pessoais da família isso não quer dizer “se meter” na vida dos outros ou levar os problemas familiares para dentro da organização, mas cuidar para que eles não aconteçam e acabem refletindo no negócio. Não é por acaso que as famílias empresárias vêm trabalhando, principalmente com as gerações mais novas, orientando para o regime mais adequado de casamento, o desenvolvimento profissional, as melhores formas de utilizar os recursos da empresa, bem como a conduta ética desejada de seus integrantes. Neste caminho, é essencial que todos compreendam a família empresária como um sistema que tem uma interdependência complexa entre seus integrantes e as empresas das quais são proprietários; e para que essa engrenagem funcione corretamente, se faz necessário estabelecer regras, acordos, códigos de ética e conduta que norteiem as ações de todos, independente de estarem trabalhando ou não nos empreendimentos familiares. Georgina Santos TGI Consultoria

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